Com pandemia e novas regras, agenda digital do mercado financeiro avança

O processo de transformação do sistema financeiro já vinha avançando há alguns anos, mas tomou um impulso sem precedentes na pandemia. De um dia para outro, o uso dos serviços digitais explodiu, surgiram novos produtos e funcionalidades e uma parcela grande da população desbancarizada passou a ter algum ponto de contato (cartão, conta digital etc.) para receber o auxílio emergencial. Outros grandes direcionadores da transformação são a chegada do Open Banking, compartilhamento organizado de dados e serviços entre instituições financeiras, e do Pix, novo meio de pagamento digital e instantâneo do Banco Central, projetos que devem mudar profundamente o perfil do sistema no Brasil. Como resultado, o mercado financeiro será mais inclusivo, digitalizado e eficiente.

Você sabe como será o futuro dos pagamentos?

Pix e Open Banking: nova regulamentação irá acelerar a transformação do setor

Open banking coloca o cliente no centro das atenções

 

Esses foram alguns dos pontos discutidos no “Roda Viva da Inovação – O novo normal do sistema financeiro brasileiro”, webinar promovido pela Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros, com parceria do Sebrae e apoio do inovabra Habitat. O evento teve a participação de Roger Serrati, gerente sênior do Innovation Bradesco, Rafael Teruszkin, Head de Client Solutions na divisão de Global Trade Services do Santander Brasil, Ana Maximiliano, Head of Consumer & Commercial Products na Elo, Eduarda Davidovic, Head de Inovação na Elo,  Ingrid Barth, COO do Linker e diretora da ABFintechs, e Hugo Lumazzini, do EmConta e Sebrae. A mediação ficou a cargo de Letícia Murakawa, diretora executiva da Capco com 20 anos de experiência em pagamentos e indústria financeira.

“Não foi apenas a pandemia, o consumidor está mudando, o cenário econômico está mudando e players grandes e pequenos precisam se reinventar, fazer diferente. Está claro também que é necessário dar as mãos, fazer parcerias e inovar junto. Não é uma questão de tamanho da organização, mas de mind set”, disse Letícia Murakawa, diretora executiva da Capco.

O executivo de inovação do Bradesco falou sobre como sua organização se estruturou para viabilizar uma inovação consistente. São sete vetores: posicionamento de marca com foco no cliente, comunicação para preparar as futuras gerações bancárias, governança, cultura, processos lean e MVP, ecossistema inovabra e parcerias com startups, laboratórios e institutos de pesquisa no Brasil e no exterior. Um dos cases de inovação em relação a parcerias e modelos de negócios citados por Serrati foi a plataforma de investimentos da gestora Ágora, que inclui produtos do Bradesco e de terceiros. O executivo citou também o grande movimento de abertura de contas digitais durante a pandemia, de pessoas físicas e jurídicas, e como o banco vem trabalhando esses leads com outros produtos financeiros próprios e de parceiros, além de pretender também ofertar até serviços como assessoria contábil, financeira e para gestão de negócios de PMEs. “Essas iniciativas conectam o conceito de colaboração com a prática”, disse.

Já a COO da Linker ressaltou o impacto do Pix e do Open Banking no setor. Para ela, pessoas físicas e PMEs terão mais opções de pagamento, a um custo menor. Com isso, será uma oportunidade para as PMEs segregarem melhor as finanças físicas e jurídicas e aprender bastante. “É uma nova maneira de gerir o negócio”, disse. A executiva ressaltou ainda a importância de o Pix ter uma usabilidade baseada no celular e que a introdução deste novo meio de pagamento é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio de expandir a bancarização no Brasil.

Eduarda Davidovic, Head de Inovação na Elo, ressaltou que “o cliente no centro é a alma da inovação. Só comprar tecnologias emergentes e não colocar à serviço do cliente não se vai conseguir inovar efetivamente”. Neste processo, a Elo tem dois pilares principais: olhar constantemente para fora da empresa e ter um modelo ágil escalável de inovação. Um grande exemplo citado por ela foi uma solução desenvolvida pelo Elo em apenas 18 dias para possibilitar compras via QR Code com o auxílio emergencial que atingiu mais de 66 milhões de pessoas.

O representante do Santander, Rafael Teruszkin, enfatizou seu otimismo com o momento de transformação do sistema financeiro. “Teremos um ecossistema mais robusto, que abrange uma grande quantidade de serviços que irão melhorar a vida das pessoas. Para as empresas, isso representará mais eficiência, competitividade e soluções”, afirmou. “O processo de bancarização precisa se tornar tão simples quanto abrir uma conta num sistema de mensagens e enviar dinheiro tão fácil, como enviar uma mensagem ou áudio”, afirmou. Sobre a implementação de Pix e Open Banking, comentou o desafio dos bancos para se adequarem às regulações dentro dos prazos, mas ressaltou que “ambos são movimentos positivos para o setor”.

As fintechs têm também um papel relevante neste movimento. Para a COO da Linker, elas vieram como um complemento, de forma a auxiliar na distribuição dos produtos com tecnologia. “É unir para conquistar, mas cada um com seu foco e nicho. Além disso, eu estimo que 90% das fintechs operam em parceria com alguma instituição financeira tradicional”, disse Ingrid Barth.

Em relação ao futuro, “vejo muitas oportunidades e os papeis que cada um dos players ocupam vai mudar. Precisamos estar abertos a essa mudança. Vejo um futuro onde o cliente tem mais oportunidades de ter voz, demandar e ser atendido, além de ferramentas para as empresas darem o seu melhor”, disse Eduarda Davidovic.

“A pandemia gerou um crescimento impressionante do uso de serviços digitais e novos correntistas. É uma aceleração massiva da digitalização. Os bancos estão atentos à questão da inclusão bancária e aprendizado contínuo. Vamos ter uma experiência fluída e com bastante facilidade. Caminhamos para um mundo hiperconectado e com uma jornada mais fluída”, conclui o gerente sênior de inovação do Bradesco.