O futuro é da Internet das Coisas

O terceiro dia do Futurecom Digit@l Week  começou com a palestra de Kevin Ashton, um cientista da computação britânico que, há 20 anos, criou um nome que veio para ficar, quando precisava de um título para uma apresentação: Internet das Coisas (IoT). Desde então, o termo vem ganhando mais relevância, e o que parecia ficção começa a fazer parte do cotidiano de todos nós.

Segundo o pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT), existe uma confusão sobre o que é IoT e, por isso, explicou que é mais fácil dizer o que não é: geladeira que fala, barbeador e garrafas inteligentes, por exemplo. É importante entender que a Internet das Coisas é um conjunto de tecnologias, um conceito acima de tudo. “É algo similar quando pensamos em inteligência artificial, que também é um conceito. Quando falamos sobre a Internet das Coisas, o que realmente queremos dizer é que são computadores entendendo o mundo por eles mesmosusando sensores conectados à Internet”, ressalta.

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Para o cientista, o mundo está cheio de informações em potencial, cheio de coisas que podemos transformar em dados que não temos. No século passado, os computadores eram totalmente dependentes de seres humanos para obter suas informações. Quase a totalidade dos dados disponíveis na internet foram, primeiramente, coletados e criados por pessoas – seja digitando um teclado, pressionando um botão de gravação, tirando uma foto digital ou escaneando um código de barras. Os diagramas convencionais que ilustram a internet incluem computadores, servidores, roteadores e outras máquinas, mas omitem os mais numerosos roteadores de todos – gente.

Na era da Internet das Coisas, é possível capturar dados importantes com sensores conectados à Internet.  “Se fizermos uma analogia com o sistema nervoso humano, todos os nossos sentidos estão conectados ao cérebro e podemos coordená-los. Na Internet das Coisas, todas essas conexões ocorrem eletronicamente, ou seja, as pessoas utilizam os sensores conectados à Internet para transformar esse mundo em dados”, destaca.

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No século 20, as decisões eram tomadas com base em planilhas. Hoje, há informações demais para análise. Por isso, a necessidade de usar sistemas de decisão baseados em computador, algoritmos, aprendizado de máquina e inteligência artificial. Todas essas tecnologias permitem a tomada de decisão via software, já que essa é a única maneira de lidar com o volume e fluxo de dados. “Mas depois de tomar uma decisão, automaticamente você quer utilizá-la para agir. Na era da Internet das Coisas, há duas maneiras de tomar essa decisão: uma é dizer a alguém para fazer algo diferente, mudando o comportamento humano de alguma forma. E a outra é ter uma máquina fazendo algo físico no mundo real. Podemos citar como exemplo os sistemas automatizados em um carro, que poderão alertar sobre o risco de o automóvel quebrar ou se há algum objeto à frente para que o motorista freie. Vivemos em mundo de câmeras e sensores GPS conectados à rede, que também são exemplos simples de IoT”, menciona Kevin Ashton.

De acordo com o pesquisador, a IoT está no bolso de cada um de nós, no smartphone. “Muitas vezes, chamamos este aparelho de telefone celular. Mas ele não é mais um telefone. Se observarmos o quanto do nosso tempo é gasto com chamada de voz, percebemos que ela se tornou apenas um aplicativo do smartphone. É um computador de bolso? Bem, tipo isso. Mas o smartphone de hoje tem cerca de 10 sensores conectados à rede. Não apenas GPS e câmera, mas pode sentir a temperatura, sua impressão digital, sua frequência cardíaca, para que lado está orientado, se para o norte ou sul. Todos esses sensores estão conectados à Internet, seja pela rede celular ou pelo Wi-Fi. Portanto, este aparelho que chamamos de celular é a Internet das Coisas no seu bolso”, enfatiza Ashton.

Poucos anos atrás, apenas 25% da população mundial tinha acesso a uma linha telefônica ativa, uma em cada quatro pessoas. Nos últimos seis anos, existem mais telefones ativos no mundo do que pessoas. E quase todos esses telefones são smartphones. Isso significa que pessoas que nunca conseguiram fazer uma ligação antes por um telefone fixo, muito menos acessar a Internet, têm um smartphone no bolso, ou seja, a Internet das Coisas. “Essa é uma mudança profundamente importante. E só agora estamos começando a realmente descobrir o que podemos fazer com isso. A IoT está apenas no início e o Brasil tem uma grande oportunidade para fazer o futuro da Internet das Coisas”, finaliza.